O assunto é de uma extrema delicadeza, trata-se de uma das situações carmicas, mais pesadas a seguir ao suicídio.
Uma criança que nasce e apenas permanece nesta encarnação alguns dias, é um ser que se poderá ter-se proposto em conjunto com os pais que escolheu, a fazer uma enorme limpeza carmica, e os próprios pais embora que sem consciência disso também. Ou seja, estes três seres traziam carmas muitos pesados por resolver, que adquiriam em conjunto ou não, e antes de encarnarem, acordaram que através de todo a dor e sofrimento causados por esta situação e a aceitação e compressão que tivessem da mesma, eliminariam esses mesmos carmas.
Existem inúmeras causas para a morte de um recém-nascido, desde infecções, anomalias congénitas, morte súbita, etc., em cada um destes casos deparamo-nos com diferentes tipos de limpeza carmica. No entanto as estatísticas1 revelam, que em cada 100 bebés nascidos, um apresenta defeito congénito no coração, número muito superior à Síndrome de Down que atinge uma criança a cada mil nascimentos.
As doenças relacionadas com o coração indicam geralmente, pessoas que não se amam o suficiente, esquecem as suas verdadeiras necessidades, e fazem tudo além dos seus limites, para se sentir amadas. Nesta atitude, levam a cabo acções funestas, prejudiciais quer para si quer para os outros. São pessoas que não baseiam os seus actos num amor desinteressado, mas esperando algo em troca, afastando-se do amor incondicional, que deveríamos ir desenvolvendo ao longo das nossas encarnações, e desta forma amar o Pai acima de todas as coisas. Na ausência de amor-próprio, também não ama-mos o Pai, e ai perde-se a capacidade de discernir quais os verdadeiros motivos das nossas acções, deixando de haver consciência, pode-se correr sérios riscos de que em nome do amor se comentam actos muito pouco amorosos.
A criança escolheu um defeito congénito no coração. Este ser reuniu as condições necessárias para limpar também um carma biológico, uma vez que a causa da sua morte não foi uma doença adquirida mas sim congénita. Uma doença congénita, porque o padrão de comportamento nas suas outras encarnações, ficou de tal modo enraizado, que originou um padrão repetitivo de comportamento, vida após vida, gerando um elemental ou vírus, que se inseriu de novo no seu ADN, acabando por nesta encarnação se tornar fatal. Escolhendo morrer ainda bebé, encontrava-se em num estado em que o contacto com a sua alma é mais permanente e fluido, permitindo-lhe aceitar a sua condição mais facilmente, sem o peso da revolta de um adulto, deste modo interrompe o padrão e liberta-se. É na fragilidade de ser ainda um bebé que nada controla, que encontra a sua alma encontra a forma de se libertar.
Os pais como facilitadores da sua entrada nesta encarnação, desejaram esta criança, amaram-na durante os nove meses de gestação, e deparam-se com a possibilidade de o perder. Aí os pais deste ser, dedicam-se incondicionalmente de corpo e alma a esta criança, dando-lhe todo o seu amor, cuidados, etc., numa caminhada dolorosa, conscientes da gravidade do estado do seu bebé. Entregam-se incondicionalmente. Mas poderíamos encontrar a situação inversa, ou seja, revolta, fúria, incapacidade de cuidar daquele ser, etc. Podem estar aqui em jogo três distintas purgas carmicas, o carma daquela mãe e pai, e a capacidade de aceitar, amando incondicionalmente aquele ser e a sua a proposta para esta encarnação.
Os pais trariam provavelmente, carmas pesadíssimos com filhos, ou com aquele ser em especifico, em última analise esta poderia ser a única forma de eliminar dividas pesadas adquiridas noutras encarnações. O modo como aceitam a lição pelas suas almas escolhida, dita também o curso de futuras lições.
Não há nada que seja estático neste universo que habitamos. Podemos modificar, o modo como as lições se apresentam nas nossas vidas, alterando as nossas atitudes e padrões de conduta, elevando a nossa consciência.
Pode surgir o desejo de tentar uma nova gravidez, indicando vontade de enfrentar o medo, de que algo possa vir a correr mal com o bebé, medo esse que afinal todas as mães tem, muito embora em proporções diferentes, quer porque já tenham passado por situações dolorosas nesta encarnação, quer por memórias inconscientes de outras vidas, havendo casos em que por e simplesmente se recusam a ter filhos.
Quando apreendemos o verdadeiro significado de uma dada lição, não há por que ela se repita.
Há lições que são obviamente extremamente dolorosas, e, é a forma como lidamos com elas, que dita como futuras lições se apresentam.
O contacto com a nossa espiritualidade é o caminho mais livre e desimpedido, rumo a esperança.
1 A estatística que aponta a incidência das doenças do coração é da March of Dimes, fundação norte-americana que busca melhorar a saúde dos bebes, prevenir os defeitos no nascimento e a mortalidade infantil.
