11 abril 2007

Pequena fantasia oriental


Há muitos, muitos anos, diante de um poderoso príncipe apresentou-se o seu servidor mais antigo. Tinha o rosto alterado, as roupas em desordem e, ajoelhado diante do trono, pediu-lhe com voz consternada que em recompensa por tantos e tantos anos de serviço fiel, lhe fizesse o favor de lhe oferecer o seu cavalo mais veloz.

O príncipe perguntou-lhe a causa de um pedido tão estranho. O servidor responde: -Senhor, é que ao entrar no palácio, junto ás suas portas estava sentada a Morte e fez-me uns trejeitos tão aterrorizadores que vou fugir dela. Estou muito assustado e ocorreu-me que com o vosso imbatível cavalo, poderei chegar em poucas horas a Samarcanda, e ficar fora do seu alcance. O príncipe, que devia muito a este servidor, e que o apreciava desde o fundo do seu coração, obsequiou-o com o seu cavalo e uma bolsa de moedas de ouro, e deixou-o em plena liberdade para partir de imediato.

Mas, pouco tempo depois, tendo comentado o assunto com os seus conselheiros, pareceu-lhe muito irritante que a morte passeasse pelas portas do seu palácio assustando os seus velhos servidores. Cingindo a sua espada de enjoiada empunha dura, dirigiu-se até ás portas do palácio para interpelar a Morte. Encontrou-a encolhida sob uma árvore do jardim, e ao vê-la disse-lhe:

-Oh, Morte por que ameaçaste com teus trejeitos e assustaste tanto o meu servidor? - E este contestou: -oh, não, Senhor! Eu não ameacei com os meus trejeitos nem assustei o teu servidor. Simplesmente surpreendeu-me vê-lo aqui visto que eu tinha marcado encontro em Samarcanda.

8 comentários:

Om-Lumen disse...

É inútil fugir... É válido experimentar o momento como parte de um todo.

Um abraço amigo.

Om-Lumen

Magda Moita disse...

om-lumen

E tudo é parte integrante desta magnifica viagem.

O grande medo, o medo dos medos, o medo da morte, seria inexistente se acalmássemos as nossas memorias.
Assim também seria menos doloroso viver as experiências em que a morte se torna uma bênção para um novo recomeço.

Um abraço amigo também para ti.

Magda

Fallen Angel disse...

Receamos o inevitável porque ele é certo.

E é o que temos de mais real.

Astrid Annabelle disse...

Apesar do tema ser a morte eu lhe trago vida...a fôrça da vida...
Um beijo cheio de saudades...
Ma Jivan Prabhuta= Mãe que irradia a fôrça da vida!!!!!!!!!!!!

Magda Moita disse...

Fallen Angel!

Façamos desse inevitável,
um repouso sereno,
a morte como um sonho.

Abraço


Astrid Annbelle!

Trazes vida, e é uma alegria quando te vejo por aqui.

Um abraço forte cheio de saudades.

Magda

Unknown disse...

De nada serve fugir. Todos temos que passar por mais essa experiência.
Beijos
António

Magda Moita disse...

Olá Mestre!
De facto de nada serve fugir. Vida a pós vida, esse é o ultimo rito de passagem.

Beijos Fofos.

Magda

Anónimo disse...

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